Por Lucas Pottmayer, CEO da Sigamaq, empresa brasileira especializada em soluções para processos de pós-forno
Considerado um expoente do segmento de alimentos e bebidas no Brasil, o setor de panificação tem todos os requisitos para seguir crescendo em larga escala nos próximos anos. Estima-se que existam mais de 70 mil padarias no Brasil, sem contar as grandes indústrias que lideram o setor com a produção não só do clássico pãozinho, mas de uma variedade de pães, bolos, doces e itens relacionados. Segundo o Instituto de Desenvolvimento das Empresas de Alimentação (IDEAL), de janeiro a maio de 2023, o setor faturou mais de R$ 58 bilhões. E uma das grandes responsáveis por impulsionar o setor de panificação, especialmente na área industrial, tem sido a tecnologia.
A Internet Industrial das Coisas (IIoT) é uma das inovações mais importantes nesse sentido, porque proporciona ao gestor contar com informações precisas sobre a sua linha de produção e tomar decisões que podem alavancar a produtividade e a qualidade de seus produtos. Esse avanço tecnológico está revolucionando a forma como as grandes indústrias de panificação operam, oferecendo uma infinidade de benefícios que vão desde o controle de produção até a segurança alimentar.
Uma das principais vantagens que a IIoT oferece às grandes indústrias de panificação é o controle aprimorado da produção. Através da implementação de sensores e dispositivos conectados em toda a linha de produção, as empresas agora podem monitorar cada etapa do processo em tempo real, mesmo à distância. Isso não apenas aumenta a eficiência, mas também permite uma tomada de decisão mais ágil e informada. Ao ter acesso a dados precisos sobre o desempenho da produção, os gerentes podem identificar rapidamente áreas de melhoria e otimizar os processos para garantir uma operação mais eficiente e lucrativa. Pode-se, por exemplo, identificar o volume de embalagens seladas, o tempo para resfriamento dos pães, a velocidade de corte e a precisão do fatiamento deste produto, entre tantos outros dados.
Outro benefício da IIoT é a facilidade de assistência técnica aos equipamentos: com o monitoramento constante das máquinas, fica mais assertivo identificar quando será preciso algum tipo de ajuste e qual intervenção será necessária. Os dados gerados por essa tecnologia também permitem uma análise mais profunda sobre qualquer eventualidade e oferecem informações decisivas para projetar atualizações ou melhorias no desempenho.
Além disso, a IIoT está desempenhando um papel fundamental na gestão do shelf life dos produtos de panificação, ou seja, no tempo de vida que um pão tem na prateleira, entre a entrega e o consumo. Maquinários integrados aos sistemas de gestão da indústria podem apontar, por exemplo, a diferença de validade entre produtos selados ou apenas amarrados com fitilhos; a eficiência da aplicação do antimofo e a possibilidade de agilizar processos para que o produto chegue mais rapidamente ao cliente. Com uma gestão mais eficaz da vida útil, as indústrias de panificação podem reduzir perdas e garantir a qualidade dos produtos que chegam aos consumidores. Em estudos internos, já identificamos, por exemplo, a possibilidade de um aumento de 30% na vida útil do produto a partir da automação dos processos de pós-forno. Cuidados que evitam contato humano, selagem eficiente e esfriamento em estrutura e temperatura ideais contribuem para o resultado.
Com menos intervenção humana nos processos de produção, há menos margem para erros e contaminação cruzada, resultando em alimentos mais seguros e de melhor qualidade. É um caminho realmente eficiente e que pode levar a indústria brasileira a um alto grau de competitividade, inclusive em âmbito internacional.
Ao abraçar essa tecnologia, as empresas podem não apenas melhorar sua eficiência operacional, mas também garantir a qualidade e a segurança dos produtos que fornecem aos seus consumidores.